MICROLEARNING

O QUE É QUAIS AS SUAS CARACTERÍSTICAS


O Microlearning pela sua característica de ser breve e conciso as vezes erroneamente é confundido por uma simples divisão de um conteúdo em pedaços menores. Todavia o Microlearning é mais uma maneira de construir um conhecimento do que de dividir um conhecimento e vamos ver porquê.
Pesquisamos várias definições de Microlearning e encontramos esta que nos parece a mais completa e apropriada:

O Microlearning é uma alternativa educacional predominantemente digital que se utiliza de conteúdos curtos e objetivos, orientados para tópicos específicos, que pode ser utilizado na educação corporativa de forma estratégica, para intervenções que demandem agilidade e de forma sistemática, no apoio e na retenção de conhecimento compartilhado por meio de métodos diversos ou tradicionais. (ALVES , 2020)

Vamos ver quais características do Microlearning identificamos a partir desta definição.
  • BREVE
    • Para começar podemos salientar o fato que se trata de conteúdos curtos e objetivos orientados para tópicos específicos.
    • De fato, a principal característica de um Microlearning é ser breve. Ma qual é o tamanho ideal? Não existe um tamanho ideal, mas sabemos que as dimensões mínimas e máximas de um micro conteúdo variam entre um mínimo de poucos segundos a um máximo de 15 minutos em total.
    • Se vamos analisar apenas a parte explicativa, sem considerar as interações, a duração vai depender do tipo de conteúdo. Ou seja, se são conteúdos tutoriais como a explicação de um conceito ou de uma atividade podemos ter uma duração entre 5 e 10 minutos, se são dicas de uso, como os micro conteúdos “How to” ou “Do Yourself” podemos ter uma duração entre 2 e 5 minutos.
  • ASSERTIVO
    • Outra característica importante é que precisamos tratar de um tópico específico em um tempo breve e para fazer isso de forma eficaz é necessário ser assertivos. O argumento explicado deve ter um foco bem definido, direto e explicado por completo sem deixar dúvidas. Caso a explicação deixe pendente alguns aspetos secundários, é importante explicar que estes aspetos serão tratados em um outro conteúdo. O estudante deve ter a sensação de ter aprendido algo por completo.
  • ÚTIL
    • Além de ser um conteúdo completo, deve resultar útil para quem o está assistindo. O conhecimento adquirido deve ter uma aplicação concreta para o usuário. Este deve compreender claramente como, quando e onde usar este conhecimento.
  • ACESSIVEL
    • É importante que este conhecimento esteja disponível sempre que o colaborador precisar, em formato desk ou mobile, pois, o seu escopo não é somente conhecer algo mas também treinar este conhecimento. E a melhor maneira de treinar, é aplicar o conhecimento aprendido o mais rápido possível.
  • SOCIAL
    • Outra característica importante para um Microlearning é que o conhecimento tratado possa ser compartilhado e discutido com outros. É importante então que a plataforma com a qual divulgamos o conteúdo permita a comunicação sobre o conhecimento adquirido, por exemplo via fórum, chat ou live sessions.

Segundo Park, quando construímos um Microlearning devemos considerar estas características (PARK, 2018):


Para entender e definir o Microlearning podemos usar um comparativo com o Marcolearning


É importante salientar o que se diz a respeito da Criação do conteúdo. No Microlearning o colaborador tem uma participação ativa na criação do conteúdo. Isso significa que a empresa deve ter uma atitude que permita ao colaborador de participar na criação de conteúdo, ou disponibilizando ambientes para isso ou deixando ele contribuir com sua experiência no enriquecimento do conteúdo através de fóruns ou live sessions.


O ATOR O PÚBLICO E SUAS CARACTERÍSTICAS

Outro ponto que podemos focar na definição de Microlearning citada é que se trata de uma alternativa educacional predominantemente digital. Então o público do Microlearning é um público predominantemente digital.

Este público o identificamos no que é definido como Geração C.

Segundo a Google (THINKWITHGOOGLE, 2013) a Geração C é uma nova e poderosa força na cultura de consumo. É um termo usado para descrever pessoas que se preocupam muito com Criação, Curadoria, Conexão e Comunidade. Ou seja, são pessoas que criam os próprios conteúdos na rede, cuidam deles e os compartilham na comunidade virtual. Daqui começamos a entender o quanto é importante olhar a esta geração quando falamos de Microlearning.

Ainda segundo a Google esta geração possui características específicas descritas a seguir.

  • A geração C é constituída por 80% de millennials mas não dever ser considerada como um reagrupamento por faixa etária, é mais uma atitude e uma mentalidade direcionadas a esta pro-atividade na criação e difusão de conteúdos na rede.
  • 67% desta geração faz upload de suas fotos na rede.
  • Ela define tendências e determina o que será popular, com uma influência que responde por US$500 bilhões de gastos, por ano, somente nos EUA.
  • Para a Geração C, as decisões são tomadas em equipe, já que 85% deles conta com aprovação de colegas para tomar decisões de compra.
  • 88% da Geração C tem um perfil social e 65% atualiza esse perfil diariamente.
  • 91% da Geração C dorme com um smartphone ao lado e 80% de quem tem um smartphone assistem a vídeos no YouTube. De fato ano a ano, o tempo de consumo do YouTube via smartphone pela Geração C aumentou 74%.
  • Quando a finalidade é aprender, 79% preferem vídeos tutoriais do que ler instruções escritas.
  • Veremos que no Microlearning a democratização da produção dos conteúdos é um ponto focal, por isso entendemos como esta faixa de pessoas que possuem esta mentalidade e atitude se torna ator e público do Microlearning.

COMO CAPTURAR A ATENÇÃO DESTE PÚBLICO

Voltando a definição que demos de Microlearning vemos que a sua finalidade é ensinar de forma completa e em um tempo breve.

Quando a questão é o tempo, se torna importante entender como capturar a atenção de um público acostumado como os tempos velozes das informações publicadas em rede.

Em 2000, a Microsoft conduziu um estudo medindo por quanto tempo as pessoas podem se concentrar em uma coisa por um período específico de tempo. Os resultados mostraram que o tempo médio de atenção de uma pessoa era de 12 segundos. Cerca de 15 anos depois, caiu para 8 segundos. (ORACLE, 2019)

Um estudo recente da Universidade Técnica da Dinamarca, sugere que nossa atenção global coletiva está se estreitando devido à abundância de informações que nos são apresentadas. Tanto exige nossa atenção que só podemos nos concentrar em cada nova “tendência” por um curto período. (SCIENCEDAILY, 2019)

Estamos então em uma situação onde temos pouco tempo a disposição e muitos fatores de distração. O mesmo acontece quando fazemos uma apresentação em um congresso. Muitas pessoas estão assistindo, mas não todas são suficientemente engajadas no tema. Além disso no congresso sua palestra compete contra outras palestras acontecendo em paralelo além de exposições, interrupções de colegas e conhecidos. Segundo uma documentação da universidade de tecnologia de Eindhoven, durante a apresentação em público a curva de atenção tende a ser alta no começo e a cair rapidamente, voltando a subir no final da apresentação onde o público espera ouvir as conclusões para levar a mensagem final para casa. (NIEMANTSVERDRIET, 2000)





A sugestão então é de trazer a atenção que temos na conclusão para o meio da apresentação repetidamente.

Quando falamos de Microlearning estes pontos de atenção podem derivar do método didático que aplicamos e de como decidimos engajar nosso público do ponto de vista intelectivo.

MÉTODO DIÁDÁTICO

Vimos como no Microlearning a questão tempo se torna fundamental. Mas será que conseguimos aprender algo em apenas poucos segundos? Se olhamos o que acontece com a gigante das mídias sociais TikTok, sim. Segundo a BBC, TikTok foi baixado mais de dois bilhões de vezes no iOS e Android desde que foi lançado globalmente em 2017. Ele permite aos usuários fazerem sequencias de vídeos de até 15 segundos cada uma, com áudio ou música de fundo. TikTok anunciou planos de contratar centenas de especialistas e instituições para produzir conteúdo educacional para a plataforma. Universidades e instituições de caridade estão entre aqueles que serão pagos para criar conteúdo personalizado para o gigante da mídia social. Ainda segundo a BBC, o novo enfoque pode apelar para a tendência do microlearning. (BBC NEWS) Então podemos considerar pelo menos que o formato rápido que o TikTok proporciona e que está alinhado com o formato do Microlearning é muito bem aceito, mas como podemos garantir que seja também eficaz do ponto de vista didático?



Segundo a Bersin a evolução da educação corporativa nos leva a considerar na última década a importância da experiência e do aprendizado informal, a tendência ao uso de Microlearning e autonomia crescente, da empresa de um lado e do usuário no outro, na produção e gestão dos conteúdos on-line.

Quando falamos de aprendizado corporativo estamos falando de adultos que aprendem algo para finalidades que podem ou não serem de seu interesse, mas que com certeza são de interesse da empresa.

Então, desenhar as explicações didáticas pensando a um publico adulto e como engajá-lo se torna fundamental para o sucesso do ensino, mais ainda quando realizamos um Microlearning. Por isso adotamos métodos de desenho instrucional que se baseiam em conceitos de Adragogia.

Nesse sentido precisamos considerar que o aprendiz adulto é um sujeito de razão, consciência, liberdade e responsabilidade. É um sujeito que traz consigo experiências e que sente a necessidade de atualizar-se. Por isso se precisamos capturar a atenção deste sujeito, precisamos produzir conteúdos de interesse imediato e com aplicação prática para atender suas exigências de atualização. Precisamos pensar em introduzir nossos conteúdos com argumentos e perguntas estimulantes que antecipam o que será apresentado no curso. Sabendo que estamos lidando com sujeitos de liberdade e responsabilidade, precisamos construir um processo de construção de conteúdo que permita usar a experiência como fonte de aprendizagem e que permita aos colaboradores de participar do planejamento de sua formação profissional na empresa.

Quando falamos de uso da experiência do colaborador para construção de conteúdos podemos pensar no que as pesquisas sobre a divisão 70 20 10 no treinamento corporativo nos trazem.

Segundo estas pesquisas apenas 10% do aprendizado de uma pessoa no mundo do trabalho é formal, o resto é o que aprendemos com os colegas ou diretamente no nosso trabalho. A experiência de um colaborador então vai além de quanto possa ser aprendido nas atividades formais de treinamento.




Se damos a possibilidade ao nosso colaborador de desenvolver conteúdos ele vai aplicar não somente seu conhecimento, mas sua experiência, o que ele aprendeu como outros colegas ou diretamente no trabalho. Então o Microlearning se torna uma ótima maneira de tesaurizar a experiência de cada colaborador na empresa.

A maneira com a qual a Geração C participa da rede com uma produção própria e constante de conteúdos sugere que cada vez mais estes adultos possam ser atores do próprio treinamento também em âmbito corporativo. Surge então o conceito de Heutagogia que aumenta a liberdade do colaborador no seu processo de aprendizagem não somente dando a ele a responsabilidade de gerir este processo, mas também de produzir os conteúdos para este processo, acessando a quanto está presente na grande bacia de conhecimento da rede e construindo com estes conhecimentos seus conteúdos.


ETRUTURA DE UM MICROLEARNING

No desenho de estrutura de um Microlearning podemos aplicar quanto vimos nas considerações sobre a curva de atenção e sobre o método didático para adultos, colocando pontos de conclusão intermediaria distribuídos no conteúdo para manter alta a curva de atenção. Para que estes pontos de atenção sejam eficazes para um aprendiz adulto, podemos pensar a conceitos que esclareçam perguntas como: Por que estou fazendo isso? Onde aplico isso? Como posso contribuir com isso?

Dessa forma iremos conseguir manter alta a atenção do colaborador com argumentos que interessam ele enquanto aprendiz adulto. Na imagem abaixo podemos ver um exemplo de conteúdo estruturando segundo esta lógica.




Neste exemplo o conteúdo dura 10 minutos em total. Lembram que o tempo que as pessoas podem se concentrar em uma coisa por um período específico de tempo tem uma duração de apenas 8 segundos? Então, nos primeiros 10 segundos tentamos capturar a atenção deste aprendiz adulto respondendo a uma primeira questão: Por que estou fazendo isso? Esta pergunta serve para o colaborador entender por que é importante que ele aprenda os conhecimentos que serão apresentados no Microlearning. Este porque é algo que pode dizer respeito a ele como pessoa ou a ele como trabalhador. Mas de qualquer forma deve representar um interesse para ele. Somente depois dedicamos um tempo a esclarecer os objetivos que o Microlearning se propõe e enfim começamos nossa explicação. Podemos manter a explicação durante alguns minutos e em seguida inserir uma pergunta que servirá para o colaborador refletir novamente sobre quanto apresentado e fixar o conceito. Em seguida podemos por mais um conceito que responda a mais uma pergunta: Onde aplico isso? Com isso vamos levantar novamente a atenção do colaborador com argumentos que são de seu interesse. Podemos repetir isso até terminar a explicação lembrando que todas as vezes que começamos uma nova explicação é importante repetir o objetivo desta explicação. Terminamos então o conteúdo resumindo o que foi apresentado e respondendo a uma última questão muito importante: Como posso contribuir com isso? Ou seja, indicamos ao colaborador como ele pode contribuir a este argumento que foi apresentado falando de sua experiência no uso deste conhecimento no fórum do conteúdo ou em encontro on-line estruturado a este propósito.

RESUMINDO

Como vimos o Microlearning não é uma simples divisão de conteúdos em pedações menores. Se trata de uma atitude de pessoas que gostam de aprender de forma rápida e concisa e que gosta de criar e compartilhar conteúdos.

A empresa pode se beneficiar com o Microlearning criando conteúdos altamente eficazes de forma rápida, econômica e incentivando a criatividade de seus colaboradores.

Poderá assim tesaurizar a experiência de muitos colaboradores a benefício do aprendizado de todos, aumentando de forma significativa um capital intangível tão importante como o conhecimento interno.






REFERÊNCIAS

  • AGENCIA BRASIL (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-01/brasil-e-o-3o-pais-em-que-pessoas-passam-mais-tempo-em-aplicativos)
  • ALVES, Marissol; ANDRÉ, Claudio Fernando; MÉNDEZ, Néstor Dario Duque. Microlearning na educação corporativa e em tempos de Geração C. REVISTA INTERSABERES, v. 15, n. 34, 2020.
  • ALVES, Marissol Mello; ANDRÉ, Claudio Fernando. Modelo 70 20 10 e o microlearning: alternativas para problemas modernos na educação corporativa. TECCOGS: Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, n. 16, 2017.
  • BBC NEWS (https://www.bbc.com/news/technology-53079625)
  • BERSIN DELOITTE (https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/us/Documents/human-capital/us-human-capital-bersin-lt-litfow-embed-learning_05-2019.pdf?nc=1)
  • HASE, Stewart; KENYON, Chris. From Andragogy to Heutagogy. Melbourne, Austrália: Southern Cross University, 2000. Disponível em: <http://pandora.nla.gov.au/nph-wb/20010220130000/http://ultibase.rmit.edu.au/Articles/dec00/hase2.htm>. Acesso em: 15 mai. 2017.
  • LEENE, A. (2006). MicroContent is Everywhere. In Bruck, P., Hug, T., Lindner, M. (Eds.) Micromedia & e- Learning 2.0: Gaining the Big Picture, Proceedings of Microlearning Conference 2006, Innsbruck, retrieved June 16, 2010 from http://www.microlearning.org/proceedings2006/ml2006_leene_paper_microcontent.pdf
  • ORACLE (https://blogs.oracle.com/oracledatacloud/2020-trends-shaping-the-digital-marketing-landscape)
  • MOHAMMED, Gona Sirwan; WAKIL, Karzan; NAWROLY, Sarkhell Sirwan. The effectiveness of microlearning to improve students’ learning ability. International Journal of Educational Research Review, v. 3, n. 3, p. 32-38, 2018.
  • NIEMANTSVERDRIET, J. W. How to give successful oral and poster presentations. Schuit Institute of Catalysis, Eindhoven University of Technology, 2000.
  • PARK, Yasung; KIM, Yong. A design and Development of micro-Learning Content in e-Learning System. International Journal on Advanced Science, Engineering and Information Technology, v. 8, n. 1, p. 56-61, 2018.
  • SCIENCEDAILY (https://www.sciencedaily.com/releases/2019/04/190415081959.htm)
  • THINKING WITH GOOGLE (https://www.thinkwithgoogle.com/intl/pt-br/estrategias-de-marketing/video/introducing-gen-c-the-youtube-generation/) (https://www.thinkwithgoogle.com/intl/pt-br/estrategias-de-marketing/video/)






Comentários

Postagens mais visitadas